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Nova tabela de frete rodoviário no país pressiona agronegócio
21/01/2020

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Nova tabela de frete rodoviário no país pressiona agronegócio

Valores estão em vigor desde segunda-feira.

A nova tabela de frete rodoviário, que começou a vigorar na segunda-feira (20) no país com aumento de até 15%, é alvo de críticas do setor produtivo.

— O índice é incompatível com a realidade, sendo muito difícil para o setor absorver, até porque as margens já estão achatadas — afirma Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.

Na indústria de aves, o impacto da alta ainda não foi avaliado, mas deve resultar em aumento de preços ao consumidor, ainda mais com a estiagem, que prejudica a produção de milho para ração, e a ampliação das exportações.
— Temos um fluxo intenso de transporte, tanto na produção primária quanto no escoamento, seja interno ou para outros Estados e países — explica José Eduardo dos Santos, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).

Os produtores de soja, principal grão cultivado e exportado pelo Estado, também amargarão perdas.

— Desde o início o tabelamento foi um grande erro, vai na contramão de tudo que o governo se propôs. É uma condição que não vai se sustentar, pois o valor do frete é descontado do preço pago ao produtor, que já tinha baixa margem de lucro, em torno de 10% — considera Luis Fernando Fucks, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS).

Ele exemplifica que agora o custo médio de frete na metade Norte do Estado é de R$ 8 por saca de soja, contra R$ 7,20 antes da alta, com impacto de R$ 40 a mais por hectare (na média de 50 sacas).

Desde a adoção da tabela de frete, parte de cerealistas, produtores e indústria intensificaram investimentos na aquisição de caminhões.

— Esse movimento é muito ruim. Para competir, a empresa tem de investir em seu negócio e transporte não é o foco. Assim, se perde eficiência econômica — alerta Luz.

O setor reforça a necessidade de investimentos em ferrovias como forma de reduzir a dependência do transporte rodoviário.

— Esse problema só vai acabar quando houver a retomada da malha ferroviária, que foi sucateada no Estado — considera o presidente da Aprosoja.

Agora, a expectativa é sobre julgamento no Supremo Tribunal Federal, que deve ocorrer em 19 de fevereiro, sobre a validade da tabela de frete.

Fonte: Gaúcha ZH

Créditos da Imagem: Isadora Neumann / Agencia RBS