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Crise de suprimentos cede, mas ainda é o maior entrave da indústria do RS
29/07/2022

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Crise de suprimentos cede, mas ainda é o maior entrave da indústria do RS

Os empresários gaúchos descreveram, através da Sondagem Industrial de junho e do 2º trimestre de 2022, um quadro positivo para o setor, com crescimento da produção e do emprego, mas com estoques ainda em níveis excessivos. A pesquisa mostrou ainda que o principal problema do setor, a falta ou alto custo das matérias-primas, perdeu bastante intensidade. Para os próximos seis meses, as empresas gaúchas projetam crescimento da demanda e do emprego, mostrando também maior disposição para investir.

O índice de produção atingiu 51,8 pontos em junho, ficando acima da linha divisória dos 50 pontos, o que indica aumento na produção na comparação com o mês anterior. O resultado é ainda mais positivo se considerada a sazonalidade negativa do período (média histórica do mês é de 47,1 pontos). O mesmo ocorreu com o emprego: o índice registrou 50,9 pontos em junho, apontando o 24º mês seguido de crescimento.

A utilização da capacidade instalada (UCI) aumentou de 72,0% em maio para 73,0% em junho – bem acima dos 68,2% da média história do mês –, mas foi considerada pelos empresários abaixo da normal para o período: o índice de UCI em relação à usual foi de 47,3 pontos, 2,7 aquém dos 50 pontos que expressam o nível usual.

O índice de estoques em relação ao planejado manteve-se acima dos 50 pontos em junho, repetindo o valor de maio: 51,7, marca que representa acúmulo de estoques indesejados. O nível de estoques supera o desejável pelas empresas desde outubro de 2021.

O bloco da Sondagem relativo ao 2º trimestre mostrou que a indústria gaúcha está satisfeita com as condições financeiras das empresas: o índice ficou em 50,1 pontos, na marca dos 50. Na passagem do 1º para o 2º trimestre, os empresários ficaram menos insatisfeitos com a margem de lucro (43,4 para 45,6 pontos), perceberam o crédito menos difícil (40,8 para 44,0) e desaceleração no aumento dos preços das matérias-primas (72,7 para 67,5), com o menor índice desde o segundo trimestre de 2020 (64,9).

De fato, o gargalos nas cadeias de suprimentos continuam a prejudicar as empresas, mas o cenário melhorou bastante. Ainda no bloco trimestral, segundo os empresários gaúchos, a falta ou o alto custo da matéria-prima continuou sendo o maior problema, com 50,7% das assinalações, mas desde que assumiu o primeiro lugar no ranking, no 3º trimestre de 2020, esse é o percentual mais baixo, 9,8 p.p. menor que o do 1º trimestre (60,5%) e 24,5 p.p. menor que o do 2º trimestre de 2021 (75,1%), quando atingiu seu ápice.

Por outro lado, se tornaram problemas mais relevantes entre o 1º e o 2º trimestre, a demanda interna insuficiente (de 25,9% das respostas para 31,8%), que assumiu como segundo maior entrave, e as taxas de juros elevadas (de 24,6% para 30,0%), que ficou em terceiro lugar.

Por fim, a carga tributária, que antes da pandemia dominava o ranking, foi considerada apenas o quarto maior obstáculo do 2º trimestre, assinalada por 28,3% das empresas (28,6% no primeiro). A taxa de câmbio foi o quinto entrave mais votado, com 24,7% das empresas (25,0% no trimestre anterior).

Em julho, as expectativas dos empresários gaúchos continuaram positivas e similares aos níveis de junho, mostrando que o setor segue prevendo aumento da demanda (58,0 pontos), das exportações (54,3 pontos), do número de empregados (53,6 pontos) e das compras de matérias-primas (56,4 pontos) nos próximos seis meses. Os índices também variam de zero a 100 pontos, indicando crescimento quando acima de 50.

Os empresários gaúchos se mostram mais dispostos a realizar investimentos nos seis meses seguintes. Em julho, o índice de intenção de investimentos aumentou 1,1 ponto na comparação com junho, para 56,2 pontos, 5,2 superior à média histórica, o que indica uma intenção relativamente elevada. Em julho, 59,4% das indústrias gaúchas mostravam disposição de investir.

Fonte: FIERGS