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Entenda impacto da alta dos grãos para o setor de aves e suínos
20/10/2020

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Entenda impacto da alta dos grãos para o setor de aves e suínos

Responsável por mais de 70% da composição da ração animal, a oferta de milho tem trazido preocupação para criadores do Rio Grande do Sul e Santa Catarina

A valorização dos grãos no mercado internacional aumentou os custos de produção para os avicultores e suinocultores do sul do país. A Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) defende a retirada das tarifas de importação dos grãos para continuar produzindo e entregando ao mercado produtos acessíveis ao consumidor.

Jean Marcelo Fontana é suinocultor no município de Charrua, no Rio Grande do Sul, tem duas granjas e a produção, de 800 leitões por mês, é entregue para a Cooperalfa, em Chapecó. O criador explica a preocupação com os altos preços do milho e do farelo de soja. “Esse ano foi um ano bastante atípico, apesar do preço pago ao produtor ter subido, mas o custo também subiu muito. Está impactando muito em virtude de que hoje está falando em milho, na casa de R$ 70 e farelo de soja, passando de R$ 2.400 a tonelada. Isso realmente provoca um aumento muito grande nos nossos custos de produção”, disse.

Os custos mensais de produção, calculados pela Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa, tiveram uma forte elevação nos últimos meses. Produzir suínos no Rio Grande do Sul, por exemplo, ficou mais caro do que em Santa Catarina, tudo em função dos aumentos do milho e do farelo de soja.

“Quando observamos o preço dos ingredientes para a produção de rações, principalmente, milho e farelo de soja, que são os principais insumos que compõem as rações, vemos as rações com aumento em torno de 77,5% a 78,7%. Verificamos que a variação nos preços dos insumos em Santa Catarina foi menor do que o Rio Grande do Sul. O milho, em setembro de 2020, em Santa Catarina variou em relação ao mês de agosto, na ordem de 7,12%. Já no estado do Rio Grande do Sul, essa variação foi o dobro, 14,18%. O farelo de soja no Rio Grande do Sul teve uma variação de 9,12%, enquanto, em Santa Catarina, teve 4,5%. O Rio Grande do Sul teve uma variação o dobro que Santa Catarina”, disse o analista da Embrapa Suínos e Aves, Ari Jarbas Sandi.

Para o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul, Valdecir Folador, o ano de 2020 ficará marcado pelos altos custos de produção, além do desafio de abastecimento tanto de milho, como de soja. O cenário é ainda mais desafiador no estado em razão da estiagem que reduziu a colheita dos grãos de verão.

“Nós tivemos quebras de produção , tanto no milho, como na soja. Isso fez com que nós tivéssemos uma menor oferta de milho, elevando os preços, significamente, mesmo com a grande safra de milho do Centro-Oeste. Isso tudo em função da questão da exportação, a questão cambial, que tem favorecido muito a exportação. Então, o setor da suinocultura tem enfrentado esse alto custo de produção de cerca de 81% acima do valor de um ano atrás. O farelo de soja, são mais de 91% também comparando com um ano atrás. Quando nós aplicamos isso no custo de produção da suinocultura , nós estamos falando em mais de 45% de aumento de custo de produção , comparados lá com o mês de janeiro deste ano.”

Responsável por mais de 70% da composição da ração animal, a oferta de milho tem trazido preocupação também para os produtores de suínos de Santa Catarina. “A Conab não está mais regulando o mercado, não tem mais milho para oferecer para regular um pouco essa oferta e nós, produtores, teremos que pagar o preço de mercado internacional para ter o milho dentro da propriedade. A gente não sabe até onde vai estar esse equilíbrio porque tanto a procura de grãos, quanto de carnes, ela está muito crescente pelos mercados internacionais. O Brasil está se valendo de tudo isso. Pela primeira vez, nós temos o produtor de grãos ganhando dinheiro e o produtor de proteína animal também ganhando dinheiro, isso é muito importante”, disse Lozivanio Luiz de Lorenzi, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS).

O presidente-executivo da Asgav José Eduardo dos Santos, defende a retirada da tarifa externa comum do milho e da soja para que o produtor e a indústria continuem produzindo com equilíbrio e o consumidor tenha a proteína animal com preços acessíveis. “A retirada das tarifas de importação de milho e de soja, por período determinado, para que a gente possa equilibrar este momento e atender a demanda das indústrias do setor”, disse.

 Fonte: Canal Rural